O World Socialist Web Site e o Comitê Internacional
da Quarta Internacional chamam a todos os trabalhadores, jovens
e estudantes com consciência social em todo o mundo a dedicarem
o ano de 2007 ao desenvolvimento de um movimento de massas da
classe trabalhadora contra as guerras lideradas pelos americanos
no Iraque e no Afeganistão.
O governo Bush exigiu que fossem enviados ao Iraque mais 21.500
soldados, para acabar com os rebeldes que se opõem à
ocupação americana, assinalando um agravamento na
escalada de uma guerra que já pôs fim à vida
de centenas de milhares de iraquianos e mais de 3.000 soldados
americanos, além de muitos outros da Inglaterra, Itália,
Polônia, Espanha, Ucrânia e outros países da
coalizão.
Bush tornou claro que ele não pretende apenas direcionar
o poder de fogo americano contra os vários vizinhos de
Bagdá e do centro populacional da rebelde província
de Anbar, mas fez questão de salientar que ele está
preparando também novas guerras de agressão, como
pode ser comprovado na expansão da marinha americana no
Golfo Pérsico e as ofensivas diplomáticas de Washington
com o objetivo de buscar aliados no Oriente Médio na luta
contra o Irã e a Síria.
A ordem de Bush para procurar e destruir nestes
dois países supostas redes de apoio aos rebeldes
e terroristas do Iraque cria a justificativa para uma invasão
militar nos dois países.
A guerra de Israel contra o Líbano em julho do ano passado,
que tinha como objetivo eliminar o Hezbollah, foi apoiada pelos
EUA e representou o primeiro passo deste na direção
da Síria e do Irã. A derrota de Israel, ao invés
de pôr um fim ao perigo de uma guerra mais ampla, somente
aumentou tal possibilidade. A imprensa divulgou detalhes dos planos
dos exércitos americano e israelense para um ataque ao
Irã que poderia incluir, pela primeira vez desde 1945,
a utilização de armas nucleares.
A proposta americana feita, sobretudo aos estados sunitascomo
a Arábia Saudita e o Egitopara que apóiem
os EUA contra o Irã xiita, é uma prova de que a
guerra civil no Iraque pode se tornar um conflito sectário
que se espalhe por toda a região.
Essas ações estão sendo postas em prática
contra os sentimentos da vasta maioria da população
mundial. De país em país, as pesquisas de opinião
registraram freqüentemente uma clara oposição
à guerra.
A Casa Branca desconsiderou a vontade da população
americana, que, nas eleições de novembro votaram
contra a guerra e o fim do controle republicano em ambas as casas
do Congresso americano. No próprio Iraque, a maioria da
população não somente quer o fim da ocupação
militar, mas muitos apóiam os ataques armados contra os
invasores estrangeiros.
Os EUA invadiram o Iraque para estabelecer seu controle exclusivo
sobre as grandes reservas de petróleo e para criar a base
necessária à dominação de todo o Oriente
Médio e Ásia Central. Em todas as partes do globodo
Oriente Médio à América Latina e ao Sul do
Pacíficoa competição em busca da apropriação
recursos naturais, mão de obra barata e mercados está
se intensificando. Uma nova disputa pela África está
a caminho. Na Somália, a máquina militar americana
tem massacrado as populações nativas, enviando seus
aviões de guerra e seus esquadrões de operações
especiais assassinos e fomentando a guerra regional.
Washington revelou seus planos sobre o aumento permanente do
tamanho do exército e da marinha americanos, para que eles
estejam preparados para futuras intervenções. Em
resposta à corrida armamentista, vários governos,
incluindo o dos países emergentes como a Índia e
a China, estão investindo no sentido de fortalecer os seus
exércitos para defender os seus interesses numa provável
guerra. O desenvolvimento acelerado do militarismo americano ameaça
toda a humanidade, representando o perigo de um conflito mundial.
Cada vez mais, o papel mundial desempenhado pelo imperialismo
americano, com sua atitude predatória ilegal, lembra o
imperialismo alemão e japonês no período anterior
ao início da II Guerra Mundial, em 1939. Assim como nos
anos 30, as políticas mundiais parecem estar cada vez mais
sendo conduzidas por pessoas insanas.
O que aparenta ser loucura, todavia, é na verdade o
produto da estrutura econômica do mundo capitalista e dos
interesses materiais da elite dominante. As causas fundamentais
do desenvolvimento acelerado da política militar do imperialismo
estão fundadas nas contradições do capitalismo
mundialentre uma economia integrada globalmente e o sistema
capitalista de Estado-nação, e entre os processos
de produção social da sociedade de massas e o caráter
anárquico de uma economia de mercado baseada na propriedade
privada.
Essas contradições foram enormemente intensificadas
nos últimos cinqüenta anos, em conseqüência
da integração cada vez maior da economia mundial.
Elas encontram sua mais nítida expressão no próprio
imperialismo americano, que procura manter sua hesitante posição
hegemônica mundial e seus superpoderes utilizando
sua superioridade militar para contrabalancear o seu declínio
como uma força econômica. Esta política colonialista
requer violência militar crescente no exterior e no interior
do próprio país, por meio do ataque às condições
sociais e aos direitos democráticos da população
americana.
A guerra comandada pelo governo dos EUA transformou o Iraque
num pesadelo de morte e destruição, com a morte
de pelo menos 100 pessoas por dia, e a transformação
de centenas de milhares em vítimas da limpeza social,
milhões delas sendo forçadas a ir para o exílio.
Isso é parte de uma ofensiva brutal contra a classe trabalhadora
internacional.
Não somente nos EUA, mas na Europa e no Japão,
em suma, em todos os países colonialistas, a elite corporativo-financeira
e os governos que servem aos seus interesses estão atacando
os empregos, as condições de vida e os direitos
democráticos dos trabalhadores comuns. Corporações
transnacionais que dominam o mundo estão varrendo o globo
à procura de mão-de-obra barata. Os ganhos sociais
conquistados duramente por meio da luta de várias gerações
estão sendo destruídos sistematicamente.
Reviver o movimento anti-guerra
Centenas de milhões de pessoas ao redor do mundo se
opõem ao militarismo dos EUA. Mas seus esforços
não chegaram a lugar algum porque a perspectiva do movimento
contra a guerra não foi além de protestos impotentes.
O que é necessário é uma perspectiva política
revolucionária que desenvolva uma luta internacional unificada
da classe trabalhadora contra a guerra imperialista.
Em fevereiro de 2003, às vésperas da invasão
americana do Iraque, o potencial para tal luta internacional se
expressava nos maiores protestos contra a guerra que o mundo já
viu. Mais de dez milhões de pessoas tomaram as ruas, com
manifestações simultâneas em todos os continentes.
As concepções políticas que acompanharam
esses protestosde que a guerra poderia ser evitada pela
capacidade da opinião pública em convencer Washington
ou em exigir que as forças européias e a ONU barrassem
os excessos do imperialismo americanoforam completamente
negadas no curso dos acontecimentos.
Em março de 2003, depois de seis meses da invasão
ilegal, a ONU elaborou uma resolução sancionando
a ocupação dos EUA no Iraque. Longe de ser um organismo
neutro dedicado à paz, a ONU se mostrou como um grupo de
ladrões que prepara guerras neocoloniais. Desde o anúncio
de Bush da mais nova escalada no Iraque, o Conselho de Segurança
da ONU manteve silêncio sobre este assunto, assim como na
intervenção dos EUA na Somália.
Todos os países imperialistas, maiores e menores, estão
envolvidos com a guerra do Iraque. Inglaterra, Austrália
e Polônia foram membros fundadores da notória coalizão
dos esperançosos, enviando tropas para participar
na invasão liderada pelos EUA. Itália, Portugal,
Holanda, Espanha e Noruega também enviaram forças
militares, enquanto a Coréia do Sul continua mantendo 2.300
soldados no país e a Dinamarca mais algumas centenas.
O governo alemão autorizou a invasão americana,
permitindo que Washington utilizasse seu território para
realizar o ataque, além de prestar auxílio ao Pentágono
com inteligência militar. Tanto a Alemanha quanto a França,
que se posicionaram em 2003 contra a invasão liderada pelos
EUA, aderiram à força da OTAN no Afeganistão,
lutando para acabar com a resistência da população
afegã, liberando assim as tropas americanas para a guerra
no Iraque.
A Rússia e a China alertaram freqüentemente a respeito
das ameaças e pressões de Washington. No início
da invasão, se juntaram aos oponentes europeus
da guerra afixando o selo de aprovação da ONU sobre
a ocupação do Iraque. Ambos os países apoiaram
as resoluções que condenavam o Irã e a Coréia
do Norte, utilizadas pelos EUA para legitimar seus futuros ataques.
As elites dominantes dos países que foram oprimidos
historicamente pelo imperialismo tentaram utilizar a guerra de
agressão americana como meio de realizar seus próprios
objetivos regionais. O governo do Irã facilitou as invasões
no Afeganistão e no Iraque e tentou usar a crise para expandir
a influência iraniana em ambos os países.
O governo brasileiro de Luiz Inácio Lula da Silva, do
Partido dos Trabalhadores, que tem seus próprios interesses
na América Latina, aliou-se em 2003 à Alemanha,
França e Rússia na oposição à
invasão americana. Entretanto, enviou tropas ao Haiti,
invadindo a empobrecida ilha depois da derrubada do presidente
eleito, Jean Bertrand Aristide, orquestrada pelos EUA, liberando
assim as tropas navais americanasmuito necessárias
no Iraque.
De país em país, a tão falada guerra
global ao terror iniciada por Washington como um pretexto
para justificar suas guerras de agressão, foi utilizada
como um álibi político para enormes crimes. Essa
guerra ilegítima serviu como uma cobertura para a repressão
de qualquer oposiçãoincluindo movimentos reformistas
e nacionalistasao status quo de dominação
imperialista. No Sri Lanka, por exemplo, o governo de Colombo
agrediu a minoria tamil da ilha como parte de sua guerra,
e recebeu apoio político e militar direto de Washington
para levar a cabo suas atrocidades.
A forma como os regimes burguesesna Europa, no Oriente
Médio e em qualquer outro lugarse opuseram verbalmente
à guerra demonstra que suas diferenças com Washington
foram de natureza meramente tática, baseadas exclusivamente
no receio de que seus próprios interesses regionais pudessem
ser atingidos. Em última análise, todos eles dependem
do imperialismo americano como garantia da estabilidade do capitalismo
e um reduto contra a revolução.
Os acontecimentos dos últimos quatro anos proporcionaram
duras lições políticas a muitos ativistas.
Nem a guerra no Iraque nem as futuras agressões imperialistas
podem ser impedidas por meio de apelos aos dirigentes políticos
das instituições burguesas, nos EUA ou em qualquer
outro lugar do planeta.
A luta contra a guerra é hojeassim como era na
I Guerra Mundial e na II Guerra Mundialvinculada à
luta de classes internacional. Reivindicações pela
paz não chegarão a lugar nenhum a não ser
que se direcionem para uma mobilização política
da classe trabalhadora independente, que não tem interesses
nas pilhagens imperialistas. A luta contra a guerra deve ser conduzida
com base numa estratégia internacional socialista.
O militarismo dos EUA e o colapso da democracia
americana
Enquanto o governo Bush afirma que ele está, por meio
da guerra no Iraque, levando a democracia ao país, ela
serviu para expor o colapso do processo democrático dentro
dos próprios EUA. A oposição massiva à
guerra observada nas pesquisas do mês de novembro e apoiadas
por milhões ao redor do mundo, não encontra expressão
alguma nas instituições políticas americanas
e em seus dois grandes partidos.
Como declarou o World Socialist Web Site no dia da eleição:
qualquer que seja o resultado das eleições
congressuais e governamentais de hoje, depois do dia 7 de novembro
os trabalhadores dos Estados Unidos enfrentarão um regime
político de Washington que permanece comprometido com a
guerra imperialista no Iraque e com os ataques aos direitos democráticos
e condições de vida dentro dos EUA. Esta afirmação
foi totalmente confirmada.
A diferença entre Bush e seus críticos das instituições
políticas se referem às táticas e aos meios,
não aos objetivos ou aos princípios. Quaisquer que
sejam as objeções acerca da condução
da guerra, todos concordam que a retirada imediata das tropas
do Iraque é impensável, e que interesses financeiros
e estratégicos fundamentais dos EUA estão em jogo.
Mesmo que os democratas devam a sua vitória em novembro
ao sentimento anti-guerra amplamente difundido, os líderes
do partido já deixaram claro que eles não se colocarão
no caminho dos planos bélicos de Bush, mesmo sabendo que
eles dispõem de meios para acabar com a guerra: o impeachment
do presidente ou uma votação para cortar o financiamento
do exército.
Brent Scowcroft, o conselheiro da segurança nacional
do governo Bush e principal mentor do plano apresentado pelo Grupo
de Estudos do Iraque, esclareceu recentemente as bases de sua
cruel política. Escrevendo no dia 4 de janeiro no New
York Times, Scowcroft enfatizou que, enquanto o Grupo de Estudos
do Iraque relatou a grave deterioração
da situação no Iraque, a retirada das tropas dos
EUA sem a vitória americana poderia ser uma derrota
estratégica para os interesses americanos, com conseqüências
potencialmente catastróficas tanto para a região
quanto para outras regiões.
Scowcroft continuou: os efeitos não se restringiriam
ao Iraque e ao Oriente Médio. Os recursos energéticos
e os pontos de obstrução do trânsito vitais
à economia global poderiam correr grandes riscos. Terroristas
e extremistas poderiam se tornar mais fortes em diversos lugares.
E a sensação, em todo o mundo, poderia ser a de
que a ação americana falhou, não conseguindo
resolver o caso, e assim os EUA não poderia mais ser considerado
um aliado ou amigo fielou o guardião da paz e da
estabilidade nessa região crítica.
Aqui, os objetivos da guerra do imperialismo americano são
expostos claramente. A oligarquia financeira que controla os EUA
tem a intenção de assegurar o controle dos recursos
energéticos e regiões geográficas vitais
no interior da economia global de modo a estabelecer sua
própria hegemonia mundial e se colocar na posição
de ditar as regras para os seus principais rivais capitalistas
na Europa e na Ásia.
A elite americana tem medo de que com a derrota no Iraque,
milhões de pessoas em todo o mundoe nos próprios
EUAconcluiriam que a ação americana
falhou, criando assim as condições necessárias
para levantes revolucionários internacionalmente.
Enquanto a maior parte da população mundial quer
a retirada imediata e incondicional das tropas dos EUA e da coalizão
do Iraque e do Afeganistão, essa exigência simples
e humana não pode ser atendida pelas instituições
políticas controladas pelas elites corporativas e financeiras.
Seus interesses globais somente podem ser alcançados por
meio da violência, e é por esse motivo que a guerra
continua.
As lições políticas das
eleições americanas
As eleições de novembro nos Estados Unidos levantam
questões políticas vitais para os trabalhadores
de todos os países.
As experiências políticas pelas quais a população
americana passou durante os últimos quatro anos demonstraram
o fim de qualquer expectativa na pressão aos democratas
no interior deste sistema baseado em dois grandes partidos.
Nas eleições congressuais de 2002, a liderança
democrata recusou-se a levantar a questão da aproximação
à invasão do Iraque, ignorando o sentimento contra
a guerra dos eleitores democratas e possibilitando que o governo
levasse a cabo sua conspiração para arrastar o país
a uma guerra construída sobre mentiras. O consentimento
apático dos democratas culminou na votação
no Congresso em outubro de 2002, que deu à Casa Branca
um aval para iniciar a ação militar.
Na campanha à eleição presidencial de
2004, a oposição popular à guerra se intensificou.
As eleições presidenciais preliminares registraram
essa crescente oposição de massas na ascensão
do candidato contra a guerra Howard Dean. A liderança
do partido não apoiou a campanha de Dean, a fim de impedir
que a eleição se tornasse um referendo sobre a guerra.
Quando John Kerry venceu a nomeação, Dean e outros
democratas que supostamente estavam contra a guerra se aliaram
à campanha pró-guerra. Bush foi reeleito e sua guerra
continuou.
Os democratas não viram com bons olhos o resultado das
eleições de 2006. Antes das eleições
de 7 de novembro, numa tentativa de salvar a operação
falida dos EUA no Iraque e desviar o crescente sentimento contra
a guerra, importantes líderes democratas e republicanos
pediram à população que depositassem confiança
no Grupo de Estudos do Iraque, formado pelos dois partidos, que
elaboraria uma nova estratégia para o sucesso
no Iraque.
Quando o grupo expôs o resultado de seu trabalho, exigindo
a rápida retirada das tropas americanas e declarando que
a estratégia militar de Bush havia falhado, a Casa Branca
rejeitou suas propostas e o Grupo de Estudos do Iraque tornou-se
imediatamente um organismo inútil.
O povo americano quer paz, mas estão lhe impondo uma
guerra cada vez mais intensa. A grande imprensa se aliou à
escalada militar do governo no Iraque e intensificou as preparações
do ataque ao Irã.
A atitude de desprezo da elite americana em relação
ao sentimento contra a guerra das massas de seu próprio
país teve ressonância em outros países. O
primeiro-ministro britânico do Labour Party, Tony
Blair, e o conservador primeiro-ministro australiano, John Howard,
também ignoraram a grande oposição e continuaram
a participar da invasão no Iraque, garantida por meio da
cumplicidade de todas as instituições políticas
em ambos os países. Em todo lugar, a vasta maioria da população
teve efetivamente seus direitos suspensos.
A única solução é que os trabalhadores
de todos os continentes ajam de forma independente e contra os
governos e partidos institucionais e construam um novo movimento
político socialista internacional. Todas as formas de mobilização
popular contra as guerras no Irã e no Afeganistãocampanhas
educacionais, manifestações e reuniões, atos
nas fábricas, iniciativas eleitoraisdevem ser elaboradas,
desenvolvidas e implementadas sobre a base dessa estratégia
política independente.
Guerra e desigualdade social
O abismo entre os governos e as massas no que diz respeito
à guerra no Iraque representa o fundamento da realidade
econômica e social do capitalismo mundial. Nos últimos
vinte e cinco anos houve o crescimento da desigualdade social
num ritmo jamais visto anteriormente.
No final do ano passado, uma organização de pesquisa
filiada à ONU lançou uma nota documentando a incrível
concentração da riqueza pela aristocracia financeira
às custas da imensa maioria da população
mundial.
De acordo com o Instituto Mundial para o Desenvolvimento da
Pesquisa Econômica, 1% da população adulta
mundial (37 milhões de pessoas) detém 40% de toda
a riqueza do planeta; 2% detêm mais da metade e 10% detêm
85%.
Em contraste, 50% dos mais pobrescerca de 1,85 bilhões
de pessoastêm juntos apenas 1% das propriedades, com
massas condenadas a viver em condições degradantes
de pobreza, fome e doença.
Nos EUA e na Europa, na Rússia e na América Latina,
na África e na Ásia, uma vasta transformação
social tem ocorrido como resultado de governos de diversos matizes
políticos, que conduzem a uma divisão da riqueza
social cada vez maior entre as massas trabalhadoras e a elite
rica, que permanece desorientada no topo da sociedade.
Os resultados em todos os países têm sido essencialmente
os mesmos: a consolidação da oligarquia financeira
que nega à classe trabalhadora, isto é, à
maioria da população, os meios para atender as suas
necessidades elementares.
O ataque aos direitos democráticos
As decisões políticas, que estão em direta
ligação com os interesses dos ricos e dos milionários,
não podem ser tomadas por métodos democráticos
tradicionais. A verdadeira razão para os ataques sem precedentes
aos direitos democráticos não é a proteção
das pessoas contra as ameaças de ataques terroristas estrangeiros,
mas a necessidade de ampliar os poderes repressivos do Estado
para tentar evitar o surgimento de uma oposição
popular.
Nos Estados Unidos, o governo Bush implementou, com o apoio
do Partido Democrata e da grande imprensa, medidas anti-democráticas,
que em sua totalidade, legalizaram e institucionalizaram um Estado
policial.
A espionagem das pessoas realizada pelo governo acabou completamente
com o direito à privacidade. O direito a um julgamento,
a uma assessoria jurídica leais e ao centenário
habeas corpus, foi totalmente prejudicado. Prisões
secretas e torturas foram sancionadas pela lei aprovada com o
apoio dos dois grandes partidos. As proteções estabelecidas
pelas Convenções de Genebra e outras leis internacionais
foram banidas das cortes americanas.
As ações repressivas foram reproduzidas em todo
o mundo. Na Inglaterra, o Ato de Prevenção ao Terrorismo
aprovado em 2005 aboliu o princípio fundamental da hipótese
de inocência, o que permite que o governo prenda pessoas
por um período prolongado, mesmo sem qualquer acusação.
Na Austrália, nos últimos cinco anos transcorridos
desde os ataques de 11 de setembro, o governo Howard implementou
mais de 40 leis anti-terroristas. Nunca os direitos das pessoas
foram tão ameaçados como estão sendo atualmente.
Romper com os partidos de guerra reacionários!
Por um movimento de massas independente e internacional contra
a guerra!
A chave para pôr fim à guerra no Iraque é
a mobilização social independente da classe trabalhadora
e da juventude contra todas as instituições políticas
e a oligarquia financeira à qual elas servem.
A guerra é um inevitável produto de uma sociedade
onde as necessidades sociais se subordinam à acumulação
do lucro privado e à riqueza pessoal de uma pequena elite.
O crescimento do militarismo e do processo das guerras imperialistas
não está separado dos interesses de extração
de lucro.
O movimento contra a guerra deve adotar um programa que una
a luta contra o imperialismo e a guerra à luta contra a
desigualdade social e os ataques aos direitos democráticos.
Deve desafiar diretamente a estrutura capitalista, lutar pela
reorganização da vida econômica internacionalmente,
sobre a base das necessidades sociais e da propriedade comum,
ou seja, sobre fundamentos socialistas.
O World Socialist Web Site chama aos trabalhadores, estudantes
e jovens a construir uma campanha popular contra a guerra com
base nas seguintes reivindicações:
* a retirada imediata e incondicional de todas as tropas dos
EUA, Inglaterra e outros países da coalizão
do Iraque e do Afeganistão.
Enquanto as tropas americanas continuarem no Iraque, persistirá
o derramamento de sangue naquele país. A catástrofe
que tomou conta do Iraque é o resultado dessa trágica
aproximação com os Estados Unidos nos últimos
vinte e cinco anos: a invasão desastrosa do Irã
pelo Iraque nos anos 80, estimulada pelos EUA; a invasão
americana do Iraque em 1991; vinte anos de sanções
econômicas; e, finalmente, a invasão e ocupação
em 2003. Esses são os acontecimentos que levaram à
desintegração da sociedade iraquiana. Com base nisso,
a total e imediata retirada das tropas americanas do Iraque é
a condição indispensável para que se interrompa
a violência que está consumindo este país.
* Cobrar dos responsáveis pela guerra.
É crucial que todos aqueles que participaram do plano
e realizaram tais agressões ilegais contra o Iraque sejam
levados à justiça. Isso inclui Bush, Cheney, Rumsfeld,
Rice e outras importantes personalidades civis e militares americanas,
assim como seus cúmplices criminosos, como Blair na Inglaterra
e Howard na Austrália. Os Estados Unidos prenderam aqueles
que eles classificam como criminosos de guerra, como Noriega no
Panamá, Milosevic na Sérvia e Saddam Hussein no
Iraque. A mesma atitude deve ser adotada aos criminosos de guerra
de Washington, cujos crimes excederam em muito àqueles
dos governantes acima citados.
Como os nazistas na II Guerra Mundial, a Casa Branca de Bush
adotou a tão falada guerra de prevenção,
isto é, guerra de agressãocomo uma política
para alcançar seus objetivos globais.
Cobrar a responsabilidade de Bush e de outras importantes autoridades
não é uma questão de vingança, mas
de educação política da população
como um todo. É necessário pôr um fim à
cultura militarista cultivada pela elite dominante americana e
seus servos da imprensa, utilizada para justificar a intensificação
de intervenções militares americanas. É necessário
afirmar que esses crimes sangrentos são atos típicos
de conspirações criminosas.
* Opor todas as formas de racismo, nacionalismo e sectarismo.
Uma condição essencial para a construção
de um movimento internacional unificado contra a guerra é
a rejeição de todas as formas de racismo, nacionalismo
e regionalismo.
A necessidade de justificar a guerra no Iraque, que não
passa de uma agressão imperialista e neo-colonialista,
acabou facilitando o desenvolvimento do racismo. Na Europa e em
todos os outros lugares, muçulmanos se tornaram os alvos
da ignorância e da arbitrariedade. Em todos os países,
as elites estão estimulando os valores nacionais
para dividir os trabalhadores e conquistar o apoio para futuras
guerras.
Os trabalhadores do Oriente Médio devem desprezar os
preconceitos étnicos e religiosos, que já produziram
o derramamento de sangue sectário no Iraque e ameaça
mergulhar toda a região no conflito. A oposição
à agressão imperialista e ao racismo anti-muçulmano
não pode se basear no apoio ao fundamentalismo islâmico,
que invariavelmente serve aos interesses de uma ou outra facção
da elite dominante, mas somente na unificação da
classe trabalhadora do Oriente Médio com seus irmãos
de classe de todo o mundo, com base no socialismo internacionalista.
* Revogar todas as leis e políticas direcionadas contra
os direitos democráticos da população e desmantelar
as redes de espionagem e de repressão política do
governo. Defender os direitos dos imigrantes e trabalhadores a
viver e trabalhar nos países que escolherem com total cidadania
e sem ameaça de repressão, prisão ou deportação.
* Rejeitar e opor a imposição de serviço
militar para atender às demandas das guerras imperialistas.
* Reconstruir a vida econômica sob uma concepção
socialista para pôr fim à enorme concentração
de riqueza, promover a igualdade social e atender às necessidades
da população.
A atual estrutura capitalista, na qual a propriedade privada
das forças industriais e financeiras deve ser substituída
por um sistema socialista público de propriedade e controle
democrático da economia. A anarquia do mercado capitalista
deve ser substituída pelo planejamento racional, utilizando
os avanços científicos revolucionários na
ciência e na tecnologia numa escala internacional para desenvolver
um sistema econômico cujo princípio de organização
seja a satisfação das necessidades humanas e não
a obtenção de benefícios e a grande acumulação
de riquezas pessoais.
*Contra a política do imperialismo militarista, lutar
por uma política de socialismo internacionalista, baseado
na solidariedade internacional de todos os trabalhadores e no
desenvolvimento dos recursos mundiais para eliminar os flagelos
da pobreza, doença e ignorância, elevando o padrão
de vida e nível cultural de toda a humanidade.
A única alternativa progressista ao militarismo, nacionalismo,
sectarismo e racismo é o internacionalismoa fim de
unir a classe trabalhadora internacionalmente na luta por um futuro
socialista.
Unir e coordenar as lutas da classe trabalhadora internacionalmente
contra a guerra, a repressão e a desigualdade social é
a tarefa histórica assumida pelo Comitê Internacional
da Quarta Internacional (CIQI), a liderança do movimento
socialista mundial.
Esta luta deve ser levada adiante por meio da construção
e da expansão das seções do CIQI, os Partidos
Socialistas da Igualdade (SEP - Socialist Equality Parties), naqueles
países em que elas existam, e de suas fundações
naqueles em que ainda não existam. Em todos os países,
essas seções agem no sentido de unir os trabalhadores
internacionalmente numa luta mundial contra a guerra e pelo socialismo,
em oposição à tirania econômica dos
bancos internacionais e corporações transnacionais.
Nós fazemos um apelo especial à juventudeaqueles
que irão, em primeira instância, sofrer as conseqüências
da guerraa lutar por essa perspectiva. Nós defendemos
a construção da Internacional Estudantil pela Igualdade
Social nas universidades e escolas secundaristas em todos os países,
para que os estudantes se voltem à classe operária
como um todo na luta para construir um movimento de massas socialista
capaz de pôr fim à guerra e ao sistema de lucros
que a criou.