Este artigo apareceu no wsws.org originalmente em inglês
no dia 13 de dezembro de 2008.
Na sexta-feira, dia 12, jovens confrontaram a policia em atenas
em repudio ao assassinato pela polícia do jovem Alexis
Grigoropoulos, de 15 anos. Milhares participaram da manifestaçao
contra o governos e, após uma semana, os protestos não
demonstraram sinais de declínio.
Milhares de pessoas, principalmente estudantes e profssores,
se reuniram fora da universidade de atenas, e marcharam em direção
ao parlamento, gritando: "O Sangue exige vingnça!"
e "Um sob a terra, mil nas ruas!" À frente da
marcha, uma faixa com os dizeres "Estado Assassino".
As vias foram bloqueadas ao redor do parlamento, protegido
por milhares de policiais. Antes do inicio da manifestação,
jovens jogavam molotovs e pedras na polícia, que revidava
com gás lacrimogêneo. A tropa de choque atacou um
grupo de 100 jovens, prendendo vários e levando-os ao chão,
de acordo com a agência France-Press. Granadas de efeito
moral também foram disparadas. Em seguida, manifestantes
entraram na sede do Banco Nacional da Grécia, cujos funcionários
fugiram; uma estação privada de radio foi brevemente
ocupada, onde uma declaração foi lida ao vivo e
um prédio municipal no noroeste da cidade de Ioannina também
foi brevemente ocupado.
Outra manifestação ocorreu Thessaloniki, a segunda
maior cidade da Grécia. Relatos indicam que o suprimento
policial de gás lacrimogeneo está quase esgotado
? após o disparo de cerca de 4.600 cápsulas em apenas
uma semana ? e que a polícia grega está recorrendo
a Israel e Alemanha em busca de suprimentos emergenciais. A violência
empregada contra os manifestantes é tamanha, que pais e
outros adultos chegaram a se interpor entre os jovens e a polícia.
Na quinta-feira, jovens confrontaram a polícia no entorno
do local onde Grigoropoulos foi baleado, a Escola Politécnica
de Atenas, no distrito de Exarchia. A Politécnica está
ocupada desde segunda-feira. Os estudantes realizaram protestos
em 120 escolas e 15 unidades através da nação,
além de terem bloqueado 10 grandes ruas da capital.
Uma greve geral de 24h foi realizada na quarta-feira, 10 de
dezembro, contra o orçamento apresentado pelo Primeiro
Ministro Kostas Karamanlis, no qual consta o auxílio de
28 bilhões de euros aos bancos (o que também esquentou
os ânimos contrários ao governos). Manifestantes
gritavam "Fora Karamanlis", enquanto mais de 1.000 policiais
cercavam o prédio do parlamento. No mesmo dia, o oficial
de polícia Epaminondas Korkoneas foi acusado de homicídio
voluntário e uso ilegal de sua arma de serviço.
Vassílios Saraliotis, outro policial, foi apontado como
cúmplice.
Houve uma revolta geral diante do fato de Korkoneas não
ter expressado arrependimento em relação ao assassinato.
O jornal Ethnos descreeu tal acontecimento como "jogar álcool
no fogo".
Fora do tribunal, bombas de gasolina eram lançadas ao
mesmo tempo em que o advogado do oficial, Alexis Kouyais, falava
aos repórteres. A defesa do advogado ? que descreve Grigoropoulos
como um "hooligan" que fora expulso da escola ? foi
condenada pela Athens Bar Association [associação
de advogados da cidade] como "absurda e contrária
ao código de ética dos advogados". Além
disso, a escola do estudante também rejeitou as acusações
do advogado.
"Caluniar um garoto morto de 15 anos, seja pessoalmente
ou repetindo para a grande mídia as opiniões de
seu cliente, assim como difamar os advogados que não aceitaram
assumir sua defesa, é uma contravenção às
regras da deontologia na prática da lei e ao dever. Trata-se
de um novo assassinato ? ético ? que alimenta as tensões
nesses dias em que toda a sociedade rega se levana e protesta
em tributo à sua memória e contra arbitrariedade
policial", escreveu a associação de advogados
em sua nota. Em decorrência disso, Koyais se depara, agora,
com a ameaça de demissão.
A prisão da cidade de Korydallos, onde estão
detidos os dois policiais reponsáveis pelo assassinato,
foi cercada por estudantes secundaristas. Milhares de estudantes
maracharam em direção às delegacias de polícia,
em Patissia, Glyfada, Illioupolis, Korydallos, Melissia e outras
áreas de Atenas. Ao menos 10 cidades foram atingidas por
protestos.
Houve também uma série de protestos solidários
por toda a Europa e já há relatos de manifestaçoes
em mais de 20 países. Gregos protestaram em Paris, Berlin,
Londres, Roma, Haia, Moscou, Nova Iorque e Chipre.
De acordo com a Reuters, manifestantes na Espanha, Dinamarca
e Itália "quebraram janelas de lojas, lançaram
molotovs contra a polícia e atacaram bancos". Houve
11 prisões na Espanha e 62 em Copenhague.
Karamanlis, que possui uma estreita maioria no parlamento,
rejeitou a reivindicação por sua demissão
e pela antecipação das eleiçoes. Na sexta-feira,
insistiu que, em tempos de crise, o país necessita de uma
"mão firme".
"Esta é a minha preocupação e a prioridade
do governo, e não criar cenas cobre eleições
ou sucessões", disse aos repórteres num encontro
da União Européia em Bruxelas. Também denunciou
a "violência cega" e a "atividade dos elementos
extremistas". Já a BB,c falando sobre a situação
do governo, disse: "Correspondentes nos informam que o governo
poderá impor um estado de emergencia para acabar com a
violencia, o que já transparece nas tropas chamadas para
conter as manifestações".
Tão profundo é o ódio a respeito do assassinato
do jovem garoto que, numa discussão no parlamento, o Ministro
do Interior, Prokopis Pavlopoulos, reconheceu o que chamou de
"assassinato" e prometeu que " a justiça
será feita". No entanto, seguiu defendendo a polícia
e a repressão aos que protestavam. "Incidentes isolados,
não importanto quão abomináveis, não
podem manchar a imagem da polícia, que atua dentro dos
limites da legalidade", disse. E alertou: "Os inimigos
da democracia não se manterão quietos por muito
tempo. Não toleramos isso e jamais toleraremos".
O novo Governo Democrata enfrenta oposição do
Partido Comunista da Grécia (KKE), dirigido por Spyro Halvatzis,
e da Coalizão da Esquerda Radical (SYRIZA), liderada no
parlamento por Alekos Alanvancos. Ambos os partidos se solidarizaram
com as palavras proferidas por Pavlopoulos, condenando os protestos
violentos. Halvatzis afirmou que muitos dos que participam dos
protestos não são estudantes, enquanto Alavancos
disse que seu partido "condena a violência" e
tem reivindicado uma reorganização da polícia
em bases democráticas.
Todo o possível está sendo feito pelos partidos
de oposição, liderados pelo Movimento Socialista
Pan-Helênico (PASOK), assim como pelos sindicatos, para
isolar os estudantes e jovens e restabelecer a ordem. Mas nenhum
deles têm atuado tão resolutamento quanto o Partido
Comunista. Este assumiu as acusações, feitas pela
direita, de que o SYRIZA ? que inclui antigos euro-comunistas
saídos do KKE e outros pequenos grupos radicais ?, está
apoiando a violência.
A manifestação de ontem foi convocada com base
numa declaração comum das "organizacoes anti-capitalistas
de esquerda" chamando "manifestaçoes por toda
a Grécia contra o governo assassino" e denunciando
a repressão policial com o seguinte slogan: "Abaixo
este governo de assassinos e ladrões!"
Os stalinistas mais linha-dura do Partido Comunista têm
chamado todos aqueles que participaram do s protestos de "provocadores"
e têm sido homenageados pela Ministra do Trabalho, Fani
Palli-Petralia, por sua atitude "responsáel".
A própria manifestação do KKE buscou a "paz
social" contra os "ultra-esquerdistas" e os "anarquistas".
As organizações de juventude do KKE têm trabalhado
dentro e fora das universidades, tentando proibir os etudantes
de se posicionarem nos protestos, ocupações e assembléias.