Publicado originalmente em inglês no dia 21 de novembro
de 2008
No dia 14 de novembro, os estudantes italianos deram continuidade
aos seus protestos contra os cortes governamentais no ensino superior.
Segundo organizadores, mais de 500.000 estudantes participaram
de uma mobilização nacional em Roma. Estudantes
vieram à capital de diversos bairros e diversas cidades,
incluindo Milão, Turim, Pisa e Nápoles. O tráfego
foi interrompido durante o dia e os estudantes seguiram seu trajeto
até uma importante reunião, ocorrida em Piazza Navona.
Os estudantes universitários também foram apoiados
por muitos secundaristas.
Os estudantes protestam contra a aprovação da
Lei 133, chamada de Reforma Gelmini (referente à Ministra
da Educação, Mariastella Gelmini). O decreto acabará
com, no mínimo, 87.000 empregos de professores e 44.500
de trabalhadores administrativos do estado até 2012. Além
disso, as universidades também encaram a ameaça
de privatização. Muitas outras unidades pequenas
estão sendo fechadas como parte dos cortes de 8 bilhões
de euros. A lei também reintroduzirá o sistema de
um único professor para a maioria das matérias para
crianças em escolas primárias.
Segundo um boletim do site ansa.it, muitos estudantes carregavam
cartazes afirmando sua oposição à Lei 133,
ao Primeiro Ministro Silvio Berlusconi e à Mariastella
Gelmini. Outros estudantes deixaram um caixão na entrada
do Senado, simbolizando a morte da educação.
Estudantes secundaristas de Roma seguravam cartazes com os
dizeres, "Até quando, Gelmini, abusarás da
nossa paciência?"
No mesmo dia, assembléias menores eram feitas em outras
cidades italianas, enquanto protestos também eram feitos
por acadêmicos italianos e estudantes na Alemanha, França
e Bélgica.
Em oposição à grande manifestação
estudantil, um pequeno protesto de direita foi realizado do lado
de fora do Ministério da Educação, em Roma.
No protesto, alguns cartazes continham os dizeres: "Adiante
Gelmini!" e "Contra os novos 68s". Este último,
feito em alusão ao massivo movimento estudantil que ocorreu
em muitos países europeus em 1968.
De acordo com um professor universitário entrevistado
pelo BBC News, a Lei 133 terá um impacto "desastroso"
no futuro das universidades. O professor Giancarlo Ruocco, que
leciona física na Universidade de Roma, disse à
BBC que seu departamento poderá perder 30% dos funcionários
em três anos, se os cortes continuarem.
"Seria um desastre," disse Ruocco. "Não
apenas para o futuro imediato, mas para os próximos 10
anos a partir de agora, quando não teremos mais pesquisadores
desenvolvendo pesquisas sobre ciência propriamente".
Ruocco também alertou que as medidas podem acarretar no
fechamento de universidades e na privatização das
mesmas.
Uma estudante do segundo ano da universidade, também
procurada pela BBC, disse que a lei "dobrará a minha
mensalidade no próximo ano". E complementou: "As
universidades se tornarão mais elitistas e somente atrairão
os filhos dos ricos".