Publicado originalmente em inglês em nosso site em
2 de Abril de 2009
Uma conferência de cientistas e acadêmicos que
se reuniu em Copenhagen entre 8 e 10 de março emitiu advertências
preocupantes sobre o rápido ritmo das mudanças climáticas
e, em particular, sobre a crescente ameaça da elevação
do nível do mar. Em uma declaração foi anunciado
que "observações recentes confirmam que, em
virtude das elevadas taxas das emissões observadas, o pior
cenário dos casos do IPCC [Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas] está se realizando".
A conferência foi convocada para avaliar os desenvolvimentos
científicos desde o último IPCC resumir o estado
da ciência climática, em 2007.
A elevação do nível do mar está
entre as ameaças mais graves associados à mudança
climática. Com o aumento dos mares vem a crescente vulnerabilidade
a tempestades extremas e a diminuição da disponibilidade
de água doce, conforme a água salgada adentra os
estuários e águas subterrâneas. Essa vulnerabilidade
é agravada pela falta de planejamento e pela preparação
para acompanhar as grandes migrações humanas para
o litoral.
O mais marcante é a dimensão dessa ameaça.
O Programa Ambiental das Nações Unidas estima que
145 milhões de pessoas correm risco no caso de uma elevação
de 1metro (3,3 pés) no nível do mar. Três
quartos das populações vulneráveis vivem
ao longo do Mekong, Ganges, e outros mega-deltas asiáticos,
muitos já sofrendo o flagelo da pobreza.
O aquecimento global influencia o nível do mar em duas
formas primárias. Primeiro, o aumento da temperatura do
oceano diretamente expande o volume de água nos nossos
oceanos. Esse processo, bem entendido, tem sido um fator determinante
no aumento do nível do mar observado ao longo do século
passado (média global de cerca de 20 cm de aumento desde
1880).
Segundo, através do derretimento ou do desprendimento
de gelo terrestre e seu subseqüente fluxo aos oceanos. Gelo
terrestre inclui formações glaciais e camadas de
gelo. As camadas de gelo da Groenlândia e Antártica,
que contêm vastas reservas de água, são significativas
para o futuro do nível do mar, mas o seu comportamento
e interação com o sistema climático é
incerto.
Note que o derretimento do gelo do mar, como o que assistimos
no Ártico, não tem um impacto significativo sobre
o nível do mar, porque o gelo já está submerso.
Dr. Eric Rignot, principal cientista para o Radar da Seção
de Ciência e Engenharia da NASA no Laboratório de
Propulsão a Jato, resumiu estes resultados na conferência:
"As camadas de gelo na Groenlândia e Antártida
já estão contribuindo para uma elevação
cada vez mais rápida do nível do mar, muito além
do previsto. Se essa tendência continuar, provavelmente
testemunharemos o nível do mar subir um metro ou mais por
volta de 2.100."
Sem a devida adaptação, as conseqüências
podem ser devastadoras para enormes seções da humanidade.
As advertências dos cientistas e acadêmicos durante
a conferência de Copenhagen visaram principalmente os governos
nacionais, que se reunirão na mesma cidade em novembro
deste ano para tentar negociar um sucessor ao tratado de Kyoto.
A rápida taxa de progressão e a grande magnitude
da elevação do nível do mar, mais do que
nunca demonstram a urgência de uma ação coordenada
interncaional para conter o aquecimento global.
No entanto, essa ação coordenada não pode
ser levada a cabo pelos governos burgueses. Apesar do consenso
científico por ações drásticas, as
perspectivas para essa resposta são pequenas. As negociações
climáticas acontecerão em meio ao aprofundamento
da crise capitalista. Os crescentes antagonismos internacionais
gerados pelo colapso econômico e financeiro global ameaçam
transformar tal reunião em pouco mais do que um fórum
para as nações capitalistas persuadirem uma maior
vantagem econômica sobre seus rivais.