Publicado originalmente em inglês no wsws em 7 de
fevereiro de 2009.
Numa clara evidência de que a crise econômica mundial
avança a passos largos rumo a uma depressão em todo
o planeta, os EUA cortaram 600.000 postos de trabalho somente
em janeiro, a maior destruição de postos de trabalho
desde 1974. A taxa de desemprego alcançou 7,6% em janeiro,
o maior número desde 1992.
O corte de empregos avançou de forma ainda mais rápida
no Canadá, onde 129.000 empregos foram elimnados, o maior
corte mensal em toda sua história, com uma taxa de desemprego
aumentando, apenas em um mês, de 6,6% para 7,2%. Dado que
a população do Canadá é cerca de um
décimo menor que a dos EUA, o corte de empregos equivale
a 1,3 milhões nos EUA. Os economistas canadenses, que esperavam
um corte de 40.000 empregos, ficaram perplexos com o anúncio.
O novo relato do Departamento do Trabalho os EUA, lançado
na sexta-feira, também passou longe das expectativas dos
economistas americanos, que esperavam um corte de 520.000 postos
de trabalho. Erraram pela segunda vez, pois em dezembro também
ficaram bem abaixo dos 577.000 anunciados. Entretanto, para o
período próximo, esperam um corte maior que o de
600.000 por mês.
Os economistas acostumaram-se a usar os termos do Departamento
de Trabalho dos EUA, tais como: "Show de horrores",
"perdas terríveis", "espiral sem fim",
"não há saída", "destruição
lenta", "terrível", "assombroso"
e "carnificina".
Nos últimos 12 meses, a economia americana destruiu
3,5 milhões de empregos, o maior corte desde 1939, durante
a Grande Depressão. Cerca de metade desses cortes ocorreram
somente nos últimos três meses.
De acordo com o departamento de trabalho dos EUA, existem agora
11,6 milhões de trabalhadores sem emprego no país.
Além disso, somam-se mais 7,8 milhões que estão
subempregados ou que buscam um emprego de 8h, mas não o
encontram.
Se forem contados os subempregados e os marginalizados, a taxa
de desemprego, certamente, chega a 14% da população,
de acordo com o Wall Street Journal.
O setor que mais sofreu foi o industrial, com 207.000 postos
de trabalho perdidos em janeiro (após os 162.000 em dezembro).
Tal número representa o maior desde 1982, quando a produção
industrial dos EUA foi deliberadamente diminuída pela "terapia
de choque" do chefe do Federal Reserve, Paul Volcker - o
mesmo que agora é conselheiro econômico do presidente
Barack Obama. Existem atualmente apenas 12,6 milhões de
trabalhadores fabris nos EUA, o menor número de 1946.
No Canadá, por sua vez, cerca de 80% do corte de empregos
em janeiro foi de trabalhadores fabris, sendo o estado de Ontário
o mais duramente atingido. Tal número revela que o colapso
da economia dos EUA está acabando com as indústrias
canadenses.
Nos EUA, o corte de empregos se extendeu para vários
setores da economia. Setores da administração (colarinho-brancos)
foram cortados em grande número em janeiro (121.000). A
construção Civil cortou 111.00 empregos; 76.000
trabalhadores temporários foram cortados; 45.000 no varejo
perderam seus empregos e outros 28.000 estão sem emprego
por "invalidez ou hospitalização" industrial.
A onda de corte de empregos, em consequência, está
destruindo as condições de vida dos trabalhadores
que se mantêm empregados. De acordo com o espírito
da nova administração Obama, os trabalhadores são
convocados a fazer novos "sacrifícios".
Nos últimos meses, os trabalhadores dos EUA sofreram
um corte se m precedentes em seus salários ou benefícios.
O "sacrifício" dos trabalhadores também
se registra num aumento da intensidade do trabalho, aumento de
3,2% no último semestre de 2008, segundo o Dep. Do Trabalho
do país.
O oceano de empregos cortados nos EUA é tamanho que
o sistema de auxílio desemprego do país despareceu,
tanto financeira quanto fisicamente. Após décadas
de ortodoxia de "livre-mercado", o sistema de seguro-social
é completamente incapaz de lidar com a crise econômica.
A Conferência Nacional sobre Legislação
Estadual relatou recentemente que sete estados dos EUA já
acabaram completamente com seus fundos de auxílio-desemprego,
e outros onze estados terão o mesmo fim em menos de um
ano.
As perspectivas para o próximo ano são as piores
possíveis. Análises antecipam que mais de 3 milhões
de empregos serão cortados (já levando em consideração
os planos de "estímulo" e criação
de empregos de Obama).
"Vemos o corte de empregos crescer pelos próximos
vários meses bastante acima dos 600.000, uma marca que
logo será esquecida por todos nós", disse o
economista Guy LeBas do Janney Montgomery Scott LLC. Robert MacIntosh,
economista chefe do Eaton Vance Management em Boston, disse sobre
o corte de empregos em janeiro: "É apenas mais uma
confirmação de que estamos em uma profunda e longa
recessão, cujo fundo ainda nem foi atingido"
O oceano de empregos cortados na América do Norte é
expressão de um processo mundial. Em dezembro, o Japão
registrou a maior taxa de desemprego em 41 anos. Muitos cortes
ainda virão, com o declínio acelerado da produção
industrial. Somente em março de 2009, 400.000 trabalhadores
temporários serão cortados no Japão. Muito
deles, hoje, dormem em quaros coletivos e, certamente, terão
que viver na rua depois disso.
No começo deste mês, a China anunciou um aumento
massivo no número de desempregados. Os mais duramente atingidos
foram os trabalhadores da manufatura de produtos para exportação.
Na Europa, economistas prevêem que a a taxa de desemprego
crescerá até quase 9% nos 27 países da União
Européia. Na França foram cortados 217.000 empregos
no último ano e espera-se que a taxa de desemprego atinja
10,6% até o fim de 2009. Na Espanha, a quinta maior economia
da Europa, a taxa de desemprego está em 14,4% e crescendo.
A produção industrial no país caiu quase
20% em dezembro.
A Organização Internacional do Trabalho, OIT,
publicou recentemente um relato que prevê um aumento no
corte de empregos em todo o mundo de 18 para 51 milhões.
Sob tal cenário, o desemprego mundial passará rapidamente
dos 7,1%.