Publicado originalmente em inglês no WSWS em 11 de
março de 2009
As cinco semanas de greves e protestos de professores universitários
e estudantes contra as reformas do governo que indeterminam a
situação dos professores e o futuro da educação
superior mantém a sua amplitude. Isso apesar dos ataques
da Ministra da Educação, Valérie Pécresse,
e das concessões dos sindicatos em busca de um acordo.
No dia 5 de março, 20.000 professores universitários,
funcionários e estudantes marcharam em Paris. Outros 23.000
tomaram as ruas em outras 20 cidades, sobretudo em Lyon, Toulouse,
Nantes, Rennes, Bordeaux, Strasbourg, Nancy, Brest, Montpellier
e Caen. Pela segunda vez em duas semanas, a histórica Paris
Sorbonne foi ocupada por mais de 200 estudantes antes de ser evacuada
pela polícia. Entre os cartazes e faixas podia ser lido:
"Não à destruição das universidades
e das pesquisas!" e "Não ao treinamento dos professores
abaixo as reformas Darcos/Pécresse", que se
referia à Ministra da Educação Superior e
ao Ministro da Educação.
Outro cartaz afirmava: "Guadalupe em todos os lugares.
Greve geral!", em referência à ilha francesa
em greve geral há 44 dias contro o rebaixamento do nível
de vida.
Os delegados das universidades do Comitê Nacional de
Organização, representando professores e funcionários
de 67 universidades, se reuniam na sexta-feira após o protesto.
Eles aprovaram a luta pela derrubada da Lei de Liberdades e Responsabilidades
das Universidades (LRU), que trata da autonomia das universidades.
Os delegados rejeitaram as concessões do governo como "escandalosamente
insuficientes" e afirmaram que "Nada foi obtido sobre
o decreto principal [que trata do treinamento dos professores]
e sobre a modificação dos exames aplicados aos estudantes
secundaristas.
Tal posição contrasta com a dos sindicatos dos
professores (Sgen-CFDT, Sup'Recherche Unsa, Autonome Sup e Force
Ovriere). O delegado do Sgen-CFDT, Thierry Cadart, inclusive,
afirmou que seu sindicado buscou o "consenso" com o
governo. Já o Snesup-FSU não tomou parte nas negociação,
mas afirmou que estava pronto para atender ao "chamado do
governo".
O governo se encontrou isolado quando tentou aprovar um decreto
que modifica a estabilidade dos professores universitários,
há cinco semanas. Até o momento, as direções
sindicais e a entidade estudantil UNEF (próxima ao Partido
Socialista) aceitaram a lei LRU surgida em 2007. A revolta dos
professores centra-se contra o novo poder dos presidentes unversitários
[reitores] em decidir a quem e em que medidas devem ser atribuídas
as aulas e pesquisas, com base na performance dos professores.
O Primeiro Ministro, François Fillon, disse imediatamente
à Ministra da Educaçào Superior, Pécresse,
para "reescrever o decreto".
O Comitê de Organização dos professores
se posicionou no dia 6 de março, dizendo que a "modificação
no decreto é inaceitável na medida em que mantém
as linhas gerais do decreto anterior". Em seguida, convocaram
manfestações massivas e a ampliação
das mobilizações para envolver novos professoroes
e funcionários de outras universidades.
O novo treinamento dos professores conduzirá à
deterioração da atual situação de
trabalho dos professores, aumentando o risco do corte de seus
empregos em meio ao cenário mundial de demissões.
A situação tradicional dos professores, vinculada
a estabilidade no emprego, ficará indeterminada. O número
de professores permanentes será limitado, pois os professores
que adentrarem sob o novo decreto passarão por uma qualificação
e constituirão uma reserva de professores com pouquíssimos
direitos, empregados a curto-prazo e sem seguro no emprego.
A oposição estudantil à LRU continua firme,
mas mais fraca do que no ano anterior. Atualmente 25 universidades
estão em greve, protestos ou paralisações.
A principal entidade estudantil, a UNEF, se opôs a qualquer
luta política contra o governo. A diretoria da UNEF desmantelou
as manifestações contra a LRU 18 semanas atrás,
após meses de greves. Seu presidente no momento, Bruno
Julliard, apelou pelo "fim das greves e ocupações...".
Ele deixou a presidência da entidade para se tornar o porta-voz
sobre educação do Partido Socialista.
O governo Sarkozy foi enfraquecido pela oposição
à suas reformas a pelo temor de uma revolta social vinda
das Antilhas que influencie a França. Apenas os sindicatos
e as oposições oficiais (Partido Socialista e Partido
Comunista Francês) mantêm o governo de pé.
O Novo Partido Anti-Capitalista de Olivier Besancenot declarou
ser necessária uma greve geral para fazer o governo "recuar"
na política dos empregos e salários. Mas sua intenção
é apoiar a proposta dos sindicatos de organizar a greve
geral de um dia em 19 de março, marcada há sete
semanas após a paralisação de 3 milhões
de trabalhadores e dos protestos do dia 29 de janeiro contra a
política orçamentária de Sarkozy.