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Após trabalhadores derrotarem sindicato conciliador
Ford dos EUA relata US$ 1 bilhão em lucros no terceiro
trimestre
Por Jerry White
11 de novembro de 2009
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Publicado originalmente em 3 de novembro de 2009
A Ford Motor Co. anunciou, no dia 2/11, lucros de quase US$
1 bilhão para o terceiro trimestre, um dia após
41.000 trabalhadores da Ford dos EUA votarem contra a proposta
de concessões em salários e benefícios que,
segundo a empresa e o United Auto Workers (UAW, sindicato da categoria
no país), seriam essenciais para manter a montadora em
pé.
Os trabalhadores da Ford rejeitaram o rebaixamento de salários
e benefícios por uma margem de 70%, na primeira derrota
de um contrato nacional defendido pelo UAW desde 1982 e na Ford
desde 1976.
Em Dearborn, a gigante automotiva registrou renda líquida
de US $ 997 milhões, uma melhora de US $ 1,2 bilhões
sobre o terceiro trimestre do ano passado. Nos EUA, Canadá
e México, a Ford registrou seu primeiro lucro operacional
em quatro anos US$ 357 milhões, contra um prejuízo
de US$ 2,6 bilhões na América do Norte durante o
mesmo período do ano passado. Os lucros na Europa quase
triplicaram para US$ 193 milhões.
Funcionários da companhia, que tinham dito previamente
que os acionistas da Ford quebrariam somente em 2011, anunciaram
que a companhia será "solidamente rentável"
dentro de dois anos. As ações subiram 7%, para 7.58
dólares na segunda-feira, dando continuidade a uma tendência
que viu o valor das ações da Ford crescerem quase
sete vezes no ano passado.
"Nossos resultados do terceiro trimestre mostram claramente
que a Ford faz um grande progresso, apesar da prolongada recessão
na economia global", disse o CEO da Ford, Alan Mulally. "Enquanto
continuamos enfrentando uma estrada de desafios, o nosso plano
de transformação 'One Ford' está trabalhando
e nosso negócio continua a crescer mais forte".
Enquanto a Ford beneficiou-se de dinheiro de programas governamentais
e da quota de mercado ampliado, principalmente às custas
da General Motors e da Chrysler, os resultados do terceiro trimestre
são essencialmente atribuídos à drástica
redução e corte de custos, que permitiram que a
montadora baixasse seu ponto de equilíbrio na medida em
que as vendas de veículos em todo o mundo despencaram.
Nos EUA o maior mercado do mundo a crise econômica
levou a uma queda de 17 milhões nas vendas do início
da década, para cerca de 10,6 milhões neste ano.
Desde 2005, a Ford cortou mais de 50.000 empregos, principalmente
na Europa e nos EUA. A empresa fechou 17 fábricas, reduzindo
drasticamente o número de veículos que produz. Ela
vendeu marcas de luxo, incluindo a Land Rover e a Jaguar, e está
atualmente em negociações para vender os seus últimos
modelos remanescentes da marca européia Volvo.
A receita do terceiro trimestre US$ 30,9 bilhões
foi realmente mais baixa em US$ 800 milhões do que
há um ano atrás. No entanto, o Detroit News relatou
que, "A montadora conseguiu reduzir os seus custos estruturais
em US$ 1 bilhão no trimestre, graças à menor
fabricação e às menores despesas de engenharia
devido a ganhos de produtividade e redução de pessoal
na América do Norte e Europa. Nos primeiros nove meses
do ano, a Ford cortou seus custos estruturais automotivos em US$
4,6 bilhões, bem maior do que sua meta de US$ 4 bilhões".
Em outras palavras, os lucros vêm em grande parte de
um ataque maciço aos trabalhadores da indústria
automobilística. Incluídos nas "reduções
de custos estruturais" estavam os US$ 500 milhões
em concessões arrancados dos trabalhadores dos EUA em março:
eliminação de bônus do custo de vida, destruição
de direitos trabalhistas e proteção da renda para
trabalhadores demitidos, assim como a redução drástica
da assistência médica para centenas de milhares de
aposentados e seus dependentes.
Essas concessões estabelecem um padrão de referência,
que era usado pela administração Obama juntamente
com a ameaça de falência iminente, para extrair reduções
salariais ainda maiores dos trabalhadores da GM e da Chrysler.
Isso inclui um congelamento de salários para os novos trabalhadores
e uso ilimitado dos mesmos, que ganham metade do salário
dos trabalhadores atuais e têm pouco ou nenhum benefício.
A Casa Branca também incluiu a proibição
de greves de trabalhadores da GM e da Chrysler até 2015.
De acordo com o Detroit News, "a administração
Obama tem a preocupação de que o sindicato poderá
exigir a restauração de remuneração
e benefícios perdidos se a GM e Chrysler voltarem à
rentabilidade, comprometendo os ganhos, disseram fontes. Para
garantir que os bilhões de contribuições
investidos não seriam desperdiçados, o governo exigiu
que o UAW aceitasse limites a seus direito à greve em troca
de aumentos salariais e benefícios em negociações
em 2011, disseram fontes".
Como parte de um acordo com a Ford que entregou bilhões
em ações da empresa para o fundo de assistência
médica aos aposentados do UAW o UAW concordou em
dar a Ford as mesmas concessões que deu à GM e à
Chrysler. Funcionários do UAW tentaram vender o acordo
o terceiro contrato de concessões em dois anos
alegando que a Ford seria colocada em "desvantagem competitiva
", se não conseguisse realizar as mesmas reduções
de custos trabalhistas como a GM e a Chrysler.
Ao mesmo tempo, a Ford demorou a relatar os seus lucros no
terceiro trimestre e contou com o aparato do UAW para avançar
com as concessões. Em vez disso, os trabalhadores deram
uma repreensão ao UAW e à empresa. Trabalhadores
da Ford estavam bem conscientes de que a montadora tinha se tornado
altamente rentável às suas custas tendo registrado
um lucro de US$ 2,3 bilhões no segundo trimestre e dando
à Mulally US$ 17,7 milhões dólares no ano
passado assim, deram um sonoro "não" às
exigências por mais sacrifícios.
De acordo com o UAW, 70% dos trabalhadores da produção
e 75 % dos trabalhadores de serviços gerais especializados
foram contrários ao contrato nacional. A rejeição
se deu em todas as zonas geográficas e envolveu os trabalhadores
em grandes assembléias de fábricas, em estamparias
e em fabricas de acessórios. Pelo menos 16 locais rejeitaram
o contrato. Os trabalhadores em diversas plantas incluindo
o conjunto de Kansas City, Dearborn Truck, e Woodhaven Stamping
derrotaram a proposta com 90% ou mais dos votos.
O contrato foi severamente derrotado no antigo local do presidente
do UAW, Ron Gettelfinger, em Louisville, Kentucky (84 %) e por
93 % no Local 600, o antigo local do Vice President Bob King,
o principal negociador com a Ford, que está pronto para
assumir o UAW quando Gettelfinger se aposentar.
O UAW e a Ford buscam atualmente maneiras de impor uma maior
redução de custos, contra a vontade declarada dos
trabalhadores. O contrato derrotado está alinhado com a
discussão, cada vez maior na mídia, de que a Ford
poderia expandir a terceirização para outros países,
incluindo Canadá e Alemanha, e aplicar outras medidas para
"corrigir" o diferencial de custo de trabalho. A Canadian
Auto Workers empurrou concessões neste fim de semana, a
fim de oferecer trabalhadores à Ford naquele país
como uma alternativa de baixo custo.
"A montadora irá continuar as negociações
com o sindicato para encontrar maneiras de cortar custos, e pode
mover uma parte da produção para regiões
de menor custo, se não puder continuar a ser competitiva
nos EUA.," escreveu o The Wall Street Journal, lembrando
que a Ford pode cancelar planos de produzir uma van comercial
nos EUA, que é feito atualmente na Turquia.
"Nós vamos continuar trabalhando com o UAW em todos
os elementos da nossa competitividade", disse hoje na Bloomberg
TV o CEO da Ford, Alan Mulally. "A última coisa sobre
a qual nós estávamos falando foram as duas ou três
coisas que tiraram a GM e a Chrysler da bancarrota. Então,
vamos continuar a trabalhar sobre essas medidas, porque todo mundo
sabe que o nosso futuro baseia-se em ser competitivo com os melhores
do mundo".
Vários analistas da indústria de automóvel
denunciaram a rebelião dos trabalhadores contra o UAW.
"A harmonia do trabalho que tínhamos alcançado
parece estar caindo aos pedaços", afirmou David Cole,
presidente do Centro de Pesquisas Automotivas, ao Detroit News.
"Este fato reforça a imagem negativa de Michigan,
e isso impacta mais do que apenas na indústria automobilística.
Realmente reflete mal em todo o Centro-Oeste industrial".
Em uma declaração conjunta sobre a rejeição
do contrato, Gettelfinger e King deixaram claro que iriam colaborar
com a Ford para impor novas concessões, enquanto cinicamente
disseram: "O processo de ratificação prova
mais uma vez que os trabalhadores são a autoridade máxima
em nossa união e respeitamos o resultado final".
Embora afirmando que o UAW não retornaria à mesa
de negociações antes de o contrato expirar, em 2011,
reiteraram a mentira de que o contrato de concessões derrotado
teria "garantido a segurança do trabalho a longo prazo
para os trabalhadores da Ford", concluindo com a promessa
de "continuar a trabalhar com a Ford diariamente em um esforço
para manter os novos produtos que entram em nossas plantas e assegurar
que mantenham os mais elevados índices de qualidade e produtividade
para assegurar que elas se mantenham competitivas".
Isso apenas pode significar que a burocracia do UAW intensificará
seus esforços conjuntos com o governo para chantagear os
trabalhadores automotivos, para aceitar as reduções
de salários e benefícios colocando fábrica
contra fábrica, local contra local.
[traduzido por movimentonn.org]
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