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Setenta anos do início da Segunda Guerra Mundial
Por Nick Beams
14 de setembro de 2009
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A eclosão da Segunda Guerra Mundial, há 70 anos,
iniciou uma série de eventos que resultaram na morte de
mais de 70 milhões de pessoas. Durante os seis anos seguintes,
a guerra acompanhou a erupção da barbárie
em uma escala inimaginável. Os horrores do fronte russo,
o bombardeio de Tóquio e Dresden, o assassinato em massa
de 6 milhões de judeus europeus e o lançamento da
bomba atômica sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki são
alguns dos eventos que vêm imediatamente à mente.
Costuma-se dizer que, na guerra, a verdade é a primeira
vítima. Sete décadas depois, todos os órgãos
oficiais da opinião pública ainda trabalham para
encobrir as causas da guerra e as lições tiradas
dela.
Contrariando os mitos existentes, esta não foi uma guerra
da democracia contra o fascismo, da mesma forma que a Primeira
Guerra Mundial não foi uma "guerra para pôr
fim a todas as guerras". Foi uma guerra imperialista travada
pelas grandes potências capitalistas - tanto "democráticas"
quanto fascistas - pela divisão do mundo e de seus recursos,
baseada no interesse do capital, do lucro.
Após a eclosão da I Guerra Mundial, Lênin
advertiu que, a menos que a classe trabalhadora derrubasse a ordem
capitalista através de uma revolução socialista
internacional, mais guerras inevitavelmente ocorreriam. Qualquer
"paz" entre as potências imperialistas, insistiu
ele, seria meramente um interlúdio antes da erupção
do conflito seguinte. Essa advertência foi logo confirmada.
A causa imediata da guerra foi a invasão nazista da
Polônia em 1 de Setembro de 1939. No ano anterior, na infame
Conferência de Munique, o governo do primeiro-ministro britânico
Neville Chamberlain cedeu à demanda alemã pela Tchecoslováquia.
Esperando que a expansão alemã pudesse ficar confinada
à Europa Central, Chamberlain voltou de Munique declarando
que ele tinha conseguido a "paz para o nosso tempo".
Apenas 11 meses depois, ele mesmo anunciou a declaração
de guerra.
A invasão da Polônia deixara claro que a Alemanha
não tentava apenas avançar sua posição
na Europa, mas aspirava se tornar uma potência mundial.
Esse foi um resultado que a Grã-Bretanha - na posição
de potência colonial chefe do mundo, dominando o subcontinente
indiano, assim como vastas regiões da África e extraindo
recursos materiais e financeiros de todos os cantos do globo -
não conseguiria tolerar.
Um ano antes da eclosão da guerra, a Quarta Internacional
foi fundada. Ela assumiu a tarefa de solucionar a crise de direção
da classe operária e preparar a revolução
socialista, sem a qual, como a nova Internacional declarou: "Uma
catástrofe ameaça toda a cultura da humanidade".
As direções traidoras da classe operária
- o Partido Social Democrata e os Partidos Comunistas stalinistas
- tinham uma responsabilidade direta pela eclosão da guerra.
Se a Revolução Espanhola, que eclodiu em 1936, tivesse
sido vitoriosa, teria levado a uma renovação das
lutas revolucionárias em toda a Europa, ameaçando
até mesmo o aparentemente poderoso regime nazista na Alemanha.
Da mesma forma, se a greve geral francesa de 1936 tivesse avançado
para uma luta direta pelo poder político, teria mudado
dramaticamente o equilíbrio de forças. Mas ambos
os movimentos revolucionários foram estrangulados pelas
lideranças stalinistas e social-democratas.
Por conseguinte, como Leon Trotsky explicou, a burguesia "se
convenceu de que com tais líderes sindicais' à
sua disposição, poderia seguir em frente e fazer
qualquer coisa, até mesmo um novo massacre dos povos".
Em um manifesto lançado em maio de 1940, com a invasão
da França pelos exércitos alemães, a Quarta
Internacional explicou o significado social essencial de Hitler
e do movimento fascista que ele liderou.
"Os governos democráticos que, cada um no seu tempo,
saudaram Hitler como um mártir na luta contra o bolchevismo,
agora querem fazê-lo parecer uma espécie de Satanás
inesperadamente saído das profundezas do inferno, que viola
a santidade dos tratados, as linhas do limite, as regras e os
regulamentos. Se não fosse por Hitler, o mundo capitalista
se desenvolveria como um jardim. Que grande mentira! Este epilético
alemão com uma máquina de calcular em seu crânio
e poder ilimitado em suas mãos não caiu do céu
nem saiu do inferno: ele não é senão a personificação
de todas as forças destrutivas do imperialismo. Assim como
Genghis Khan e Tamerlane apareceram aos povos pastoris mais fracos
como destruidores dos flagelos de Deus, quando na realidade eles
não fizeram nada mais do que expressar a necessidade de
todas as tribos pastoris de mais terras para pastagem e de pilhagem
das áreas de assentamento, Hitler, agitando as antigas
potências coloniais em suas bases, não fez nada mais
do que dar uma expressão mais acabada ao desejo imperialista
de poder".
A guerra começou como um conflito europeu, mas rapidamente
estendeu-se para todo o globo. No século XIX, as potências
capitalistas competiram entre si com base em um mercado mundial
em expansão. Mas a Grande Depressão e a contração
do mercado mundial acompanharam a divisão econômica
mundial em blocos rivais.
O Japão, confrontado pelo colapso de seus mercados de
exportação, procurou superar a crise através
da conquista da China e do estabelecimento de um império
no Oriente. Mas isso era intolerável para os Estados Unidos,
que também procuravam a expansão para o Pacífico,
tornando assim a guerra inevitável. O ataque japonês
a Pearl Harbor em dezembro de 1941 foi apenas o gatilho para uma
guerra que estava em preparação ao longo da década
anterior.
Para o imperialismo alemão, os recursos da Europa central
e sudeste eram insuficientes para desenvolver a capacidade de
desafiar a maior potência capitalista, os Estados Unidos.
A invasão da União Soviética em 22 de junho
de 1941 visava estabelecer a base econômica para um império
alemão capaz de sustentar a sua posição como
uma potência mundial.
Os Estados Unidos subiu ao poder com base nos vastos recursos
do continente americano. Mas já não podia sustentar-se
sobre essa base - esta foi a lição tirada da Grande
Depressão que atingiu tão duramente sua economia.
Os mercados do mundo tiveram de ser abertos para as exportações
americanas, para os investimentos americanos e para a tecnologia
americana, a fim de garantir os lucros americanos. Essa perspectiva
era incompatível com os projetos da Alemanha e do Japão
de esculpir impérios para si mesmos, e também com
o império já estabelecido aliado de Washington,
a Grã-Bretanha. Todos teriam que ceder ao programa americano
de "portas abertas".
Com base na sua capacidade econômica e na vasta superioridade
que tinha sobre o seu rival esgotado, os Estados Unidos foram
capazes de estabilizar o sistema capitalista mundial no final
da II Guerra Mundial. O pós-guerra subsequente e a Guerra
Fria com a União Soviética, forneceram o cenário
para a regulação das rivalidades inter-imperialistas
que por duas vezes explodiram em uma guerra mundial no espaço
de apenas três décadas.
Hoje, as bases desse equilíbrio não existem mais.
A erupção da crise econômica e financeira
mais profunda desde a Grande Depressão mais uma vez cria
as condições para a transformação
da concorrência no mercado mundial em um conflito feroz
de todos contra todos.
A crise profunda do capitalismo nos EUA e seu crescente recurso
aos meios militares para superar a sua perda de poder econômico,
juntamente com o surgimento de novas potências e os esforços
renovados das antigas, estão criando as condições
para outro conflito imperialista, ainda mais terrível do
que o último.
As lições devem ser tiradas. Somente através
da derrocada do sistema capitalista e da criação
de uma economia socialista internacionalista planejada - racionalmente
e democraticamente regulada para atender as necessidades humanas
- é possível banir para sempre a ameaça da
guerra imperialista. Essa é a perspectiva do partido mundial
da revolução socialista, o Comitê Internacional
da Quarta Internacional.
[traduzido po movimentonn.org]
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