WSWS : Portuguese
Alemanha e França usam empréstimos à
Grécia para pressionar por acordos bélicos
Por Johannes Stern
5 de agosto de 2010
Utilice
esta versión para imprimir |
Comunicar-se
com o autor
Publicado originalmente em inglês em 15 de julho.
Por algum tempo, a França e a Alemanha adotaram posições
diferentes com relação à crise de endividamento
grega. O presidente francês Nicolas Sarkozy rapidamente
levantou a necessidade de um empréstimo para salvar a Grécia,
enquanto a chanceler alemã Angela Merkel se recusou por
muito tempo a concordar com qualquer auxílio financeiro
emergencial. O objetivo de Merkel era aumentar a pressão
contra o governo grego, forçando-o a adotar um programa
de austeridade radical.
Sob esta pressão, o governo social-democrata do PASOK
de George Papandreou aprovou um pacote de austeridade brutal,
totalizando 30 bilhões, mesmo diante da resistência
massiva da população grega. Em troca, o governo
Merkel também concordou em financiar um pacote de resgate
de 110 bilhões. Para Merkel, a falência do
Estado grego nunca foi uma opção, já que
ela colocaria em perigo os 45 bilhões investidos
pelos bancos alemães nos títulos públicos
gregos.
Nos últimos dias, relatos da imprensa revelaram que,
com o auxílio financeiro à Grécia, a Alemanha
e a França não estavam simplesmente buscando salvar
os seus próprios bancos. Ambos países usaram esses
empréstimos como um meio de pressionar a Grécia
a concordar com um grande acordo de aquisição de
armas. Enquanto Merkel e Sarkozy discutiam sobre a prescrição
política "correta" para a Grécia, exigindo
que a população grega aceitasse enormes cortes sociais,
nos bastidores eles procuravam satisfazer os interesses de suas
respectivas indústrias bélicas. De acordo com os
relatos da imprensa, as transações armamentistas
eram uma das condições informais para que a UE e
o FMI concedessem empréstimos para a Grécia.
A agência de reportagem Reuters cita "políticos
gregos e franceses" afirmando que Sarkozy esteve envolvido
pessoalmente em negociações armamentistas. De acordo
com o jornal grego Kathimerini, em fevereiro Papandreou viajou
a Paris para pedir apoio financeiro ao presidente francês.
Na mesma época e, apesar de seu massivo déficit
orçamentário, o governo tomou a decisão de
comprar seis fragatas francesas no valor de 2,5 bilhões.
Além disso, ocorreram conversas sobre a compra de 15 helicópteros
Super Puma franceses no valor de 400 milhões, assim
como 40 aviões de combate.
Outra grande parte do equipamento militar obtido pela Grécia
em meio à crise vem da Alemanha, apesar da campanha do
governo Merkel acusando a população grega de viver
acima de seus meios e afirmando que ela finalmente teria que "acertar
suas contas". Agora, um artigo minucioso do Wall Street Journal
revelou que, em março, Berlim completou um acordo com o
governo grego para a compra de dois submarinos no valor de
1,3 bilhão. Embora os círculos governamentais alemães
neguem que isso tenha conexão com o pacote de resgate,
a acusação dos parlamentares da UE é clara:
tanto a França quanto a Alemanha fizeram da compra de armamentos
uma condição para sua participação
no fundo de resgate grego.
Os relatórios despertaram uma tempestade de protestos
na Grécia. Os fundos que estão sendo extraídos
da população grega através de medidas massivas
de corte de gastos estão sendo usados para financiar um
rearmamento militar. A Grécia, com uma população
de somente 11 milhões de pessoas, já é a
maior importadora de armas convencionais da Europa. Em relação
ao seu produto interno bruto, a Grécia tem o maior gasto
militar da UE. Na última década, ela assinou um
acordo armamentista no valor de 16 bilhões. De acordo
com o Wall Street Journal, esta soma é uma das razões
por trás da dívida estatal astronômica do
país.
Procurando anestesiar a revolta da população
grega e aliviar as preocupações dos países
vizinhos quanto às aquisições militares recentes,
o vice-primeiro-ministro Theodore Pangalos disse recentemente
durante uma viagem para a Turquia: "Nos sentimos sob pressão
para fechar negócios que não queríamos fazer.
A Grécia não precisa de mais armas".
Ainda não está claro qual o contexto da escalada
armamentista grega, e tampouco se os negócios estão
ligados com estratégias militares pan-européias.
Mas, ao mesmo tempo em que notícias sobre as transações
bélicas surgiam, o Süddeustche Zeitung publicou um
artigo com o título "Política militar e a crise
financeira - A hora para um Exército Europeu". O artigo
se posiciona contra a determinação da "política
de segurança de acordo com o atual fluxo de dinheiro",
e, em face de uma "época instável", convoca
a construção de um exército profissional
europeu como "garantia de segurança".
O fato de que os governos de Berlim e Paris tenham contribuído
para uma massiva escalada militar na Grécia, fortalecendo,
assim, a influência do aparato militar sobre Atenas, deve
ser tomado como um aviso. As memórias da junta militar
grega, que esmagou brutalmente a resistência popular e estabeleceu
uma ditadura, ainda estão frescas na memória da
população.
Contra o pano de fundo de uma situação política
de tensões cada vez maiores, um debate feroz irrompeu no
PASOK sobre como lidar com a atual oposição da população
aos cortes. Parlamentares líderes do PASOK recentemente
atacaram o ministro da justiça Haris Kastanidis porque
ele propôs a realização de eleições
precoces com o objetivo de conseguir um "novo mandato"
para o governo.
Em resposta, o ex-ministro do trabalho Militades Papaioannou
veio a público dizer que a realização de
eleições seria um "crime contra o país".
O parlamentar e membro do comitê central do PASOK Ektoras
Nasiokas foi ainda mais direto: "O país não
precisa de eleições, e sim de um governo que consiga
lidar com situações emergenciais".
(traduzido por movimentonn.org)
Regresar a la parte superior de la página
Copyright 1998-2012
World Socialist Web Site
All rights reserved |