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Os documentos do site WikiLeaks e a pilhagem do Iraque
Por Joseph Kishore
3 de novembro de 2010
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Os cerca de 400 mil documentos divulgados pelo WikiLeaks dão
alguma indicação sobre a realidade cruel da invasão
dos EUA e a ocupação do Iraque. Os relatórios
militares contêm fortes indícios de crimes de guerra,
pelos os quais os mais altos níveis dos estabelecimentos
militar e político dos EUA são responsáveis.
As grandes revelações contidas nos documentos
incluem:
Relatórios de milhares de vítimas civis
previamente escondidos. O Iraq Body Count, que manteve uma estimativa
conservadora do número de mortes, com base em relatórios
da mídia, encontrou nas Forças Armadas registros
de cerca de 15.000 mortes de civis não incluídos
na sua contagem anterior. Isto, apesar do fato de os documentos
não relatarem a morte de civis em conexão com as
maiores atrocidades dos EUA, incluindo o ataque dos EUA, que reduziu
a maior parte de Faluja a ruínas em 2004. Os documentos
dão crédito a outros relatórios dando um
número de mortes muito maior, incluindo um estudo feito
pela revista médica Lancet que estima mais de um milhão
de mortos.
Clara evidência de crimes de guerra específicos.
Isso inclui o assassinato de dois iraquianos que procuravam se
render a um helicóptero dos EUA, em fevereiro de 2007.
Os soldados no helicóptero conversaram por rádio
com um advogado do exército, que lhes aconselhou que as
pessoas não podem se render às aeronaves - o que
é uma fraude - e eles começaram a matar os indivíduos
a sangue frio. Os soldados faziam parte da mesma equipe que esteve
envolvida em julho de 2007 no assassinato de 12 civis desarmados,
incluindo dois jornalistas da Reuters, captado em um vídeo
divulgado pela WikiLeaks no início deste ano.
A morte de 834 pessoas pelas forças dos EUA,
nos postos de controle militares, incluindo pelo menos 681 civis
e 30 crianças.
Sistemática tortura praticada pelos lacaios do
exército iraquiano e pela polícia, com a sanção
de fato e a cumplicidade dos militares americanos. Soldados dos
EUA informaram mais de 1.300 denúncias de tortura entre
2005 e 2009, incluindo espancamentos, queimaduras, choques elétricos,
sodomia e estupro - semelhantes às atrocidades realizadas
pelos EUA em Abu Ghraib. Os militares dos EUA também estavam
cientes dos casos em que os soldados iraquianos assassinaram detentos.
Um relatório de 25 março de 2006 sobre um prisioneiro
mantido pelo Ministério da Justiça iraquiano é
típico: "Suas mãos estavam amarradas / algemadas
e ele estava suspenso pelo teto; o uso de objetos contundentes
(tubos) batendo-lhe nas costas e pernas e uso de furadeiras elétricas
para fazer furos em sua perna ."
Soldados dos EUA foram ordenados a não investigar
tortura de prisioneiros efetuadas pelas forças iraquianas,
alegando que estes incidentes não envolveram tropas americanas.
Mais de 180.000 pessoas foram detidas em algum momento entre 2004
e 2009, o que representa um em cada 50 homens iraquianos.
Haverá, sem dúvida, mais revelações,
na medida em que estes documentos forem examinados. Eles incluem
um conjunto de informações valiosas que foram escondidas
da população do Iraque, dos Estados Unidos e do
mundo.
A conquista do Iraque, liderada pelos EUA, permanece como um
dos mais bárbaros crimes de guerra da era moderna. Escrevendo
em abril de 2003, um mês depois da invasão, o World
Socialist Web Site observou que durante a formação
para a II Guerra Mundial, "era comum falar da violação
da Tchecoslováquia' pelos Nazistas ou da violação
da Polônia'." O que caracterizou o modus operandi da
Alemanha nesses países foi o uso da esmagadora força
militar e a eliminação completa de seus governos
e de todas as instituições civis, seguidos pela
tomada de controle das suas economias para o benefício
do capitalismo alemão. Faz tempo que o que os EUA estão
fazendo é chamado pelo seu verdadeiro nome. Um regime criminoso
em Washington está realizando a violação
do Iraque ".
A devastação infligida ao povo iraquiano tem-se
intensificado nos últimos sete anos e meio. Os EUA empenharam-se
no sociocídio - a sistemática destruição
de toda uma civilização. Além das centenas
de milhares de mortos, milhões de pessoas se transformaram
em refugiados. Houve um crescimento vertiginoso de doenças,
de mortalidade infantil e desnutrição. O Exército
dos EUA destruiu a infraestrutura do país, deixando uma
economia em ruínas, com uma taxa de desemprego de 70%.
Para o horror da população mundial, o povo iraquiano
foi obrigado a sofrer uma tragédia inimaginável
nas mãos da força militar mais poderosa do planeta.
E para quê? Para estabelecer a dominação dos
EUA sobre o país rico em petróleo e fundamental
geoestrategicamente.
Cada instituição de grande porte nos Estados
Unidos é cúmplice neste crime. Em face da oposição
popular mais ampla dentro dos EUA, tanto democratas quanto republicanos
autorizaram a guerra e a apoiaram desde então, gastando
centenas de bilhões de dólares no processo. O povo
americano procurou várias vezes acabar com a guerra através
de eleições, só para ser confrontado com
o fato de que a guerra continua, independentemente de qual partido
controlado por corporações esteja no cargo.
Obama, eleito como um resultado da hostilidade popular a Bush,
aos republicanos e as suas políticas de guerra e subsídios
aos ricos, continuou as mesmas políticas. Concorrendo como
um crítico da Guerra do Iraque, agora ele elogia os ocupantes
militares dos EUA como "libertadores".
A administração democrata ampliou a guerra contra
o Afeganistão e o Paquistão, aumentando tremendamente
a utilização de ataques aéreos e assassinatos.
A Casa Branca afirma o direito de matar qualquer um que desejar,
incluindo cidadãos dos EUA, apenas afirmando que a vítima
é um terrorista.
A mídia dos EUA, incluindo a sua ala liberal, promulgou
as mentiras usadas para justificar a guerra e, como "jornalistas
incorporados", encobriram as atrocidades cometidas pelos
militares dos EUA. Sua resposta às revelações
do WikiLeaks compôs sua cumplicidade aos crimes de guerra.
Por um lado, a mídia dos EUA minimiza a importância
dos documentos, ecoando a linha do Pentágono de que não
revelam "nada de novo", e no outro, eles iniciam uma
caça às bruxas do WikiLeaks e de seu fundador Julian
Assange por ajudar a trazer essas atrocidades à luz.
A ausência de qualquer protesto significativo dentro
dos estabelecimentos políticos ou da mídia diante
desses crimes enormes atesta o declínio da classe dominante
norte-americana para a criminalidade e a ilegalidade.
Os arquitetos destes crimes de guerra continuam foragidos.
Aqueles que planejaram e supervisionaram a invasão ilegal
do Iraque - incluindo todos os altos funcionários do governo
Bush e os militares dos EUA - ainda têm de ser responsabilizados.
Obama e seus altos funcionários - Hillary Clinton, Robert
Gates - adicionaram mais crimes à crescente lista da administração
anterior.
A liberação dos documentos no WikiLeaks coincide
com o recrudescimento da luta de classes. Milhões de trabalhadores
- incluindo mais recentemente na França - estão
entrando em conflito direto com as empresas e seus representantes
políticos, que exigem medidas de austeridade, sem precedentes,
para pagar a crise econômica. A luta contra a guerra imperialista
deve ser um componente central dessa ofensiva da classe trabalhadora,
sobretudo nos Estados Unidos.
Os interesses dos trabalhadores em todo o mundo são
os mesmos, e os trabalhadores de todos os países enfrentam
o mesmo inimigo de classe. O imperialismo, Lênin observou,
é a reação em toda a linha.
A aristocracia corporativa que tem desencadeado tal violência
no Iraque não hesitará em usar a violência
e o terror contra a classe trabalhadora americana para proteger
a sua riqueza e poder. As forças transformadas em assassinos
e psicopatas endurecidos nas guerras coloniais, como no Iraque
e Afeganistão acabarão por ser atirados contra aqueles
que lutam dentro dos EUA contra a pobreza, o desemprego e a falta
de moradia.
Para ter êxito, a luta da classe trabalhadora contra
a guerra e a reação social deve ser guiada por uma
nova perspectiva política e estratégica. Para acabar
com a guerra imperialista, a classe trabalhadora internacional
deve arrancar o poder das mãos encharcadas de sangue dos
capitalistas e seus representantes políticos, e estabelecer
o controle democrático sobre a economia mundial.
[traduzido por movimentonn.org]
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