WSWS : Portuguese
Mais de 2 milhões protestam contra medidas de Sarkozy
Por Antoine Lerougetel e Pierre Mabut
17 de setembro de 2010
Utilice
esta versión para imprimir |
Comunicar-se
com o autor
Publicado originalmente em inglês em 14 de setembro
de 2010
Mais de dois milhões de trabalhadores e jovens participaram
de manifestações em 220 cidades por toda a França
na terça-feira, em oposição aos cortes de
pensões impostas pelo presidente Nicolas Sarkozy. Juntamente
com as passeatas e comícios, mais de dois milhões
de trabalhadores do setor público realizaram uma greve
de um dia, e foram seguidos por muitos trabalhadores do setor
privado.
O "dia de ação" convocado pelas federações
sindicais seguiu as manifestações realizadas no
sábado contra a expulsão em massa de ciganos promovida
por Sarkozy e contra as propostas repressoras relacionadas, que
mobilizaram mais de 100.000 pessoas em todo o país.
Os protestos de terça-feira foram os maiores até
então contra as "reformas" da pensão de
Sarkozy, superando a taxa de participação recorde
anterior de junho passado em 40%, de acordo com estimativas tanto
da polícia quanto dos organizadores do protesto. O dia
de ação foi programado para coincidir com o início
dos debates parlamentares sobre o projeto de lei de pensões.
De acordo com estimativas do sindicato, os manifestantes em
Paris contabilizaram 270.000, o dobro do mês de junho. Em
Marselha, 200.000 saíram às ruas, enquanto em Rennes
48.000 trabalhadores se mobilizaram. Toulouse viu 110.000 saírem
às ruas e Lyon teve uma multidão de 35.000. Bordeaux
contabilizou 100.000 manifestantes.
O principal sindicato de professores, o FSU, estimou que 60%
dos professores primários e 55% dos professores da escola
secundária, cerca de meio milhão de professores
no total, entraram em greve. Mais de 25% dos funcionários
públicos e mais da metade dos trabalhadores ferroviários,
22% dos trabalhadores do metrô e ônibus de Paris,
mais de 40% dos carteiros e 38% dos 100.000 trabalhadores da França
Telecom fizeram greve durante o dia.
Mais de 21% dos trabalhadores da companhia nacional de eletricidade
EDF pararam fazendo a companhia perder 8.000 megawatts. O transporte
na região de Paris ficou paralisado deixando 152 quilômetros
de engarrafamento.
A Autoridade de Aviação Civil cancelou 25% dos
vôos na região de Paris. As seis refinarias de petróleo
da França estavam trabalhando com capacidade mínima.
Os bancos e indústrias privadas afetados incluíram
a Rhodia, Renault, Peugeot-Citroën, Saint-Gobain, Alcatel,
Airbus e Total Oil.
O comparecimento em massa tornou ainda mais gritante a contradição
entre a determinação e a vontade de luta da classe
trabalhadora e a covardia e traição dos sindicatos.
O dia de ação foi convocado pela stalinista CGT
(Confederação Geral do Trabalho) e a CFDT (Confederação
Francesa Democrática dos Trabalhadores) ligada ao Partido
Socialista. O dia de ação foi apoiado pelo Partido
Socialista, pelo Partido Comunista, pelos Verdes, e pelo Novo
Partido Anti-Capitalista, bem como por outros partidos chamados
organizações de "extrema esquerda".
Os sindicatos franceses repetidamente chamam um dia de greves
e protestos, a fim de enfraquecer a militância dos trabalhadores
e diminuir sua resistência, enquanto os dirigentes sindicais
negociam as condições de rendição
com Sarkozy. Ficou indicado que os sindicatos estão preparando
uma outra traição na sua insistência para
que a ação industrial ficasse limitada a um dia
(trabalhadores ferroviários procuraram estender a greve)
e a sua convocação para novas negociações
com o governo.
Os sindicatos promovem a ilusão de que o ataque às
pensões, incluindo o aumento da idade de aposentadoria
em dois anos e outros cortes sociais podem ser interrompidos pressionando
o parlamento, mesmo que Sarkozy tenha uma clara maioria para passar
a "reforma" da legislação. Ao mesmo tempo,
os sindicatos buscam canalizar a raiva da classe trabalhadora
ocultando as aspirações eleitorais do Partido Socialista
para 2012.
Eles enfrentam crescente ceticismo entre os trabalhadores.
De acordo com pesquisas de opinião, 65% dos entrevistados
afirmaram que os protestos não têm qualquer impacto
sobre as políticas do governo, e 48% pensam que "a
esquerda (o Partido Socialista) não revogaria nenhuma das
reformas de Sarkozy" se conseguisse a presidência em
2012.
Desafiando as instruções sindicais, trabalhadores
ferroviários na Picardia continuaram em greve na quarta-feira.
Tanto Bernard Thibault da CGT quanto François Chérèque
da CFDT deixaram claro que a ação deveria ser interrompida
até que recebessem uma resposta do governo. Isto, apesar
da afirmação de Sarkozy após o dia de ação
de que o governo não abriria mão do aumento da idade
legal para aposentadoria de 60 para 62 anos.
Depois que Sarkozy anunciou na quarta-feira que nenhuma alteração
significativa seria feita para o projeto de lei de pensões,
os sindicatos convocaram mais um dia de ação para
23 de setembro.
Na segunda-feira, o assessor especial do presidente, Henri
Guaino, convidou os sindicatos para negociações
sobre alguns aspectos menores da "reforma" da pensão.
Thibault respondeu com a alegação de que o governo
estava "mudando de tom".
Chérèque, falando à TV France 2 na terça-feira,
suplicou que o governo respondesse rapidamente com concessões
antes da reunião de líderes sindicais na tarde de
quarta-feira, obviamente, procurando um pretexto para o encerramento
dos protestos. Recusando-se a esboçar qualquer continuidade
dos protestos, ele categoricamente descartou uma greve por tempo
indeterminado, como fez Thibault, e sugeriu que uma manifestação
em um sábado ou domingo poderia ser adequada.
Significativamente, os sindicatos e os partidos Socialista
e Comunista abstiveram-se de quaisquer ataques ao promotor chefe
da legislação previdenciária, Eric Woerth,
que está atolado em escândalos de acusações
de que ele obteve financiamento político ilegal para a
UMP (União por um Movimento Popular) e para o próprio
Sarkozy, em troca de milhões de euros em isenções
fiscais para a herdeira bilionária, Lilliane Bettencourt.
Woerth parabenizou os sindicatos por sua "elegância".
Uma jovem de Paris, em manifestação contra os
cortes de pensão do presidente Sarkozy, disse ao World
Socialist Web Site, "O sindicato não vai seguir as
pessoas que querem continuar a lutar. Eu não acho que haverá
uma greve geral. Eu não acho que os sindicatos vão
organizar porque são traidores. No ano passado houve muitas
greves nas fábricas, mas elas não estavam coordenadas.
Não espero nada dos sindicatos nem dos partidos políticos.
A extrema-esquerda praticamente não existe".
"Além disso, existe o perigo, como na década
de 1930, de um crescimento do racismo e de partidos de extrema
direita, para os quais é dada maior cobertura da mídia.
É um retrocesso".
Em Amiens, o WSWS entrevistou Julien, um professor de um colégio
profissionalizante, e seu amigo Céline, que trabalha em
um centro cultural.
Céline disse: "Só agora eu tenho um emprego
em um contrato de seis meses. Eu tenho 28 e por 10 anos eu não
consegui nada além de trabalhos temporários e de
meio período. Meus pais serão obrigados a trabalhar
até que seus ossos quebrem porque eles têm três
filhos desempregados".
Julien disse, "Existem muitos jovens qualificados que
estão desempregados, enquanto alguns dos meus colegas professores
que estão perto de se aposentar não estão
em sintonia com os jovens." Ele disse que eles deveriam conseguir
se aposentar com a pensão total e assim dar aos jovens
uma abertura.
Julien viu a perseguição do governo aos ciganos
e suas medidas anti-imigrantes como uma extensão lógica
de suas políticas sociais. Ele considera a campanha contra
os direitos dos imigrantes de Sarkozy como "uma brecha"
nos direitos democráticos básicos e um movimento
em direção á Berlusconi. "Sarkozy não
é exatamente um facista, mas está incomodando",
disse ele.
Sullivan, um operador de máquinas durante nove anos
na fábrica de pneus Amiens Dunlop, falou sobres as condições
insalubres, empoeiradas, pesadas e fisicamente exaustivas dos
trabalhadores da fábrica. Ele estava particularmente contrariado
com o acordo feito entre a Dunlop e a CGT que intensificou enormemente
o ritmo de trabalho. " A CGT nos traiu", ele disse.
" Por dez anos os sindicatos não ganharam nenhuma
luta. Eu acho que o Partido Socialista faria o mesmo que Sarkozy,
considerando o que ele realmente fez quando esteve no poder antes.
Ele apenas trabalhou para os ricos".
(traduzido por movimentonn.org)
Regresar a la parte superior de la página
Copyright 1998-2012
World Socialist Web Site
All rights reserved |